Analogia


Valioso instrumento da lógica e do raciocínio, a noção de analogia foi bem definida pelos gregos, teve amplo emprego na Idade Média e se tornou indispensável em diversos campos de conhecimento.

Do grego anà lógon, "em conformidade com uma razão", a analogia é, originalmente, uma semelhança em relações proporcionais. Pode ser uma semelhança entre duas figuras (por exemplo, triângulos) que se diferenciam em escala, ou entre duas quantidades, uma das quais, embora não conhecida, pode ser calculada ao se saber que sua relação com a outra é semelhante à apresentada por duas outras quantidades conhecidas. Assim, se 2:4::4:x, verifica-se que x = 8. Platão empregou uma analogia funcional quando argumentou que a Idade do Bem torna o conhecimento possível no mundo inteligível exatamente como o Sol possibilita a visão no mundo da percepção.

Na Idade Média, acreditava-se que o universo formava uma estrutura ordenada tal que o modelo macrocósmico do todo se reproduziria no modelo microscósmico das partes. Poder-se-ia pois, por analogia, tirar conclusões sobre o todo a partir das partes e vice-versa. A lei da natureza concebida no sentido jurídico, que prescreve a ordem adequada das relações humanas, podia ser assimilada ao sentido físico do direito, que descreve a ordem reinante no mundo natural. Assim como o mundo natural apresenta graus hierárquicos de subordinação, também as relações humanas deviam apresentar essa subordinação.

Afirmava-se, por exemplo, que como havia dois astros para iluminar o mundo e duas autoridades instituídas sobre os homens (o papado e o império), então, já que a luz da Lua é um reflexo da luz do Sol, também a autoridade imperial devia derivar-se da papal. Dante, em sua De monarchia (c. 1313), embora afirmasse que o império deve subordinar-se ao papado não em relação à autoridade, mas à sabedoria (luz), concordou com os princípios em que tais raciocínios se baseavam.

No pensamento científico, as analogias ou semelhanças podem ser utilizadas para formular hipóteses ou a existência de alguma lei ou princípio, especialmente se pode ser feita uma comparação entre as funções dos elementos de dois sistemas, como quando a observação das luas de Júpiter inspirou a moderna concepção do sistema solar. O raciocínio do economista inglês Thomas Robert Malthus de que as populações tendem a crescer mais do que os meios de sua subsistência inspirou a Charles Darwin a hipótese evolucionária da seleção natural. A fecundidade de tais analogias depende de se poderem deduzir delas conseqüências comprováveis. Não seria lícito, por exemplo, concluir do modelo do núcleo atômico, tomado como miniatura do sistema solar, que o processo de fissão nuclear é semelhante àquele pelo qual os novos sistemas planetários podem ser formados ou destruídos.

No debate político e social, as analogias podem esclarecer algum aspecto desconhecido em função de um outro, mais conhecido. Desse modo, as analogias biológicas podem indicar que uma comunidade tem uma relação "orgânica". Essas analogias, no entanto, são enganosas na medida em que negligenciam o fato de que os integrantes individuais da comunidade também têm objetivos, direitos e responsabilidades próprias.

     
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