Física no Brasil


A física foi introduzida no Brasil primeiramente como matéria necessária à formação de engenheiros civis e militares e de médicos. O primeiro laboratório para o ensino da física, utilizado pelos alunos das escolas militares e de medicina foi criado, em 1823, no Museu Nacional do Rio de Janeiro. À medida que o ensino de engenharia tomava vulto, novos laboratórios didáticos foram equipados. A Escola Politécnica, hoje Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, teve em Henrique Morize um organizador exemplar, que equipou o laboratório de física, coordenou um bom programa de ensino teórico e experimental e conduziu pesquisas.

O desenvolvimento da pesquisa física no Brasil, iniciado no fim do século XIX, está ligado aos nomes de alguns brasileiros que tiveram sua formação científica fora do país e dedicaram seus talentos à matemática e à física. Entre os que publicaram memórias e fizeram palestras sobre aspectos novos da física na época e estimularam o estudo da ciência no país cabe citar os nomes de Joaquim Gomes de Sousa, Oto de Alencar, Manuel Amoroso Costa e Teodoro Ramos.

Em 1934, foi fundada a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP). Gleb Wataghin, que chefiou o departamento de física, conseguiu atrair talentos e constituir uma equipe inicial de pesquisadores de grande mérito, pelo que seu trabalho pode ser considerado o mais importante para a implantação da física como ciência no Brasil. Já em 1936 e 1937, foram publicados os primeiros trabalhos sobre física teórica, de Mário Schemberg, e experimental, de Marcelo Damy de Sousa Santos.

O sucesso da Faculdade de Filosofia de São Paulo estimulou a fundação, em 1939, da Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro, cujo departamento de física teve como organizador Joaquim da Costa Ribeiro. Mesmo sem contar com os recursos e facilidades de sua congênere de São Paulo, o departamento de física da nova faculdade promoveu cursos de formação e trabalhos de pesquisa, entre os quais os importantes estudos sobre dielétricos de Bernardo Gross, Costa Ribeiro e colaboradores.

César Lattes, que fizera seus estudos iniciais na Faculdade de Filosofia de São Paulo, realizou no Reino Unido e nos Estados Unidos pesquisas sobre raios cósmicos e sobre mésons. Sob sua influência foi organizado, em 1949, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), que contou de início com sua orientação científica na parte experimental e a de José Leite Lopes no campo teórico. Em poucos anos a instituição adquiriu renome internacional e sua coleção de trabalhos sob o título Notas de física constitui repositório essencial de informações sobre a história da pesquisa física no Brasil. Além de sua tarefa fundamental de pesquisa, o CBPF colaborou na formação de pessoal científico, e tomou também a seu cargo cursos de pós-graduação.

Várias instituições têm-se aparelhado para o trabalho de ensino e pesquisa no campo da física, especialmente institutos e departamentos ligados a universidades. Destacaram-se por seus trabalhos no campo da pesquisa o departamento de física do Centro Aeroespacial de São José dos Campos SP; o Centro de Tecnologia Nuclear, na Universidade de Minas Gerais, em Belo Horizonte; o Instituto de Física da Universidade do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre; o Instituto de Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; os departamentos de física das universidades da Bahia, de Pernambuco, de Campinas SP e de São Carlos SP.

A Sociedade Brasileira de Física, fundada na década de 1960, tem por finalidade promover a pesquisa e o ensino da física no país, bem como defender os interesses profissionais dos físicos. Pouco depois de fundada, congregava mais de mil associados.

Num resumo sobre a física do Brasil impõe-se ressaltar o trabalho do grupo teórico inicial que, no país ou no exterior, elevou a física brasileira ao nível internacional: Mário Schemberg, José Leite Lopes e Jaime Tiomno. Muitos profissionais atuantes no campo teórico são discípulos desses físicos. No campo da física experimental merecem citação especial: Lattes, pelos estudos de partículas elementares e raios cósmicos; Marcelo Damy de Sousa Santos, que construiu e operou o bétatron da USP; Oscar Sala, responsável pela construção e operação do gerador Van der Graaf da USP; Hervásio de Carvalho, pelos estudos de partículas e radiações com o emprego de emulsões nucleares; José Goldenberg, por seus estudos sobre reações fotonucleares; Jacques Danon pelos trabalhos sobre o estado sólido e efeito Mossbauer. Além deles, destacam-se as pesquisas de Moisés Nussenzveig, em ótica quântica; Leopoldo Nachbin, em matemática aplicada à física; Adir Moisés Luís e Roberto Nicolsky, em supercondutividade; Ronaldo Cintra Shellard, em física de altas energias; Francisco de Oliveira Castro, sobre raios cósmicos; Hélio Teixeira Coelho, sobre forças nucleares; Carlos Bertulani sobre núcleos exóticos.

Veja também:
Concepção Atomística da Matéria
Evolução do Conhecimento da Matéria
Metodologia e Campos de Estudo
Organização Social da Física

     
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