Infinito


A noção de infinito não provém da experiência humana, que é necessariamente limitada, e só pode ser enunciada pelo raciocínio abstrato. A isso se deve a dificuldade de definir, entender e empregar esse conceito.

Define-se infinito, de modo geral, como aquilo que não tem começo, fim ou limites. Conforme se trate de filosofia, ciências ou religião, no entanto, entende-se infinito de diferentes formas.

O filósofo grego Aristóteles foi o primeiro a tentar enunciar os diversos significados que se aplicam ao termo infinito. Para ele, existiria um infinito potencial, resultante da adição ou da divisão infinita. Essa noção de infinito, essencialmente matemática, foi a utilizada por Zenão de Eléia para seus célebres paradoxos sobre o movimento: uma flecha, para percorrer uma certa distância, deve cobrir primeiro a metade e, antes, a metade dessa metade, e assim infinitamente. Logo, nunca poderá percorrer distância nenhuma.

Aristóteles admite outra concepção de infinito, como o real absoluto. É dela que se trata quando se fala da infinitude do universo, que pode entender-se como infinito no tempo (sem princípio nem fim), no espaço (sem limites), ou ambas as coisas. Essa noção de infinito confunde-se facilmente com o indefinido, com o indeterminado, ou com aquilo que está em estado evolutivo, com possibilidades ainda não precisamente explicitadas. Nesse sentido é que os filósofos pré-socráticos falaram do ápeiron, o indeterminado, como princípio de todas as coisas. A filosofia ocidental sempre tendeu a tratar o infinito como absoluto, ora identificando-o com Deus, ora com o universo, ou com ambos. Os empiristas britânicos, assim como Kant, criticaram a idéia de infinito como ilusão do entendimento.

A noção de infinito absoluto é, na atualidade, objeto da física. A questão do infinito potencial, ou como operar com magnitudes infinitas, já foi abordada em matemática por Leibniz e Newton, com o cálculo infinitesimal.

Infinito religioso

Os filósofos panteístas e as religiões orientais concebem infinito como absoluto: o Um que abarca tudo. Explicam a diversidade experimentada pelos nossos sentidos como meras aparências. A Bíblia nunca aplica a Deus o termo infinito, embora deixe clara sua onipotência e sua transcendência na criação ou na teofania (manifestação de Deus) do Sinai. Mais tarde, a cabala judaica e a teologia cristã deram forma ao conceito.

Santo Tomás de Aquino, no século XIII, explicou que o ser de Deus e o do universo não são unívocos (iguais) nem tampouco equívocos (tão diferentes que um nada diga sobre o outro), mas análogos. Deus é a plenitude do ser, o único e infinito; o universo é a multiplicidade do ser, mas num sentido análogo, como sombras, como imagens de Deus. Por essa razão, o homem finito intui, mas não pode compreender o ser infinito.

A infinitude foi tomada pela "teologia negativa" como atributo próprio somente de Deus, e portanto totalmente inapreensível, mesmo por analogia, pela razão, que só pode definir Deus afirmando o que ele "não é".

     
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