Quadro Político, Econômico e Social Evolução política A reorganização política teve início na Itália no final do século XIII, com sua desvinculação do poder imperial e sua fragmentação em diversas cidades-estados, que passaram do regime comunal ou municipal para o senhorial, exercido por algumas famílias nobres, como os Gonzaga, os Sforza e os Medici. Mais tarde essas cidades se converteram no centro dos vários estados italianos da época moderna -- as repúblicas de Veneza e de Florença, o ducado de Milão, o reino de Nápoles e os estados pontifícios, que mantiveram entre si constantes conflitos na tentativa de conquistar a hegemonia. Essa fragmentação não ocorreu em outros territórios europeus onde, ao contrário, se estabeleceram diversas monarquias nacionais e autoritárias: a Espanha dos reis católicos, a Inglaterra de Henrique VII e a França de Luís XI. Isso se deveu, em primeiro lugar, à consolidação da autoridade do soberano frente ao poder da nobreza. Esses novos estados modernos caracterizaram-se pela centralização, a organização administrativa, a crescente burocratização e a criação de um exército poderoso. Na implantação desses regimes autoritários, teve grande importância a mudança produzida na mentalidade política, que, baseando-se no direito romano e na filosofia aristotélica, legitimaria a autoridade suprema do monarca e a existência de um estado forte e organizado. A grande figura do pensamento político da época foi o florentino Nicolau Maquiavel, autor de O príncipe (1513), no qual elaborou uma teoria política que separava pela primeira vez a moral dos indivíduos da moral, ou razão, de estado. Economia e sociedade Embora a base da economia continuasse a ser a agricultura, conquistaram grande impulso a indústria têxtil, a mineração e, sobretudo, as atividades comerciais, graças ao ápice do desenvolvimento das cidades mediterrâneas (Veneza, Marselha, Nápoles) e do norte da Europa (Antuérpia, Amsterdam, Hamburgo). A crescente importância do setor comercial resultou na fortuna de famílias como as dos Medici, os Strozzi ou os Fugger, que lhes permitiram intervir de forma direta na política ou dar seu apoio financeiro às monarquias que atravessavam crises econômicas. O descobrimento da América representou um fato transcendental para a vida econômica do Renascimento. Abriram-se novos mercados, floresceram cidades da orla atlântica, como Sevilha e Lisboa, e fluíram os metais e as riquezas, que proporcionaram grandes benefícios a burgueses e banqueiros e permitiram que a Espanha realizasse uma ampla política de intervenção em grande parte da Europa e do Mediterrâneo. No entanto, a excessiva afluência de tesouros americanos ao continente europeu favoreceu uma alarmante alta dos preços devido à abundância da moeda em circulação. O desaparecimento das grandes pestes medievais, o auge da vida urbana e certos melhoramentos nas condições de vida das populações ocasionaram um crescimento demográfico expressivo em quase toda a Europa ocidental, conseqüência da alta taxa de natalidade e do declínio da mortalidade infantil. As principais zonas de povoamento eram o norte da Itália, os Países Baixos e o centro da França. No topo da estrutura social estava a nobreza, que se havia instalado nas grandes cidades, em luxuosos palácios ou mansões, seguida pela alta burguesia, enriquecida pelo comércio e pelos negócios financeiros. Os camponeses, que constituíam a classe menos favorecida, viviam em condições extremamente desfavoráveis. Recorreram muitas vezes a revoltas, criando um clima de instabilidade social. Veja também:
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