David Hume
(1711 - 1776)

A obra filosófica de Hume resgata a preocupação de implantar nas ciências humanas a metodologia rigorosa adotada por Newton para a física e a astronomia. O princípio básico desse raciocínio recomenda evitar toda hipótese não comprovável experimentalmente.David Hume nasceu em 7 de maio de 1711 nas proximidades de Edimburgo, Escócia. Filho de um modesto proprietário de terras, estudou na universidade local. Depois de trabalhar como comerciante, foi estudar na França, onde permaneceu de 1734 a 1737. De volta a seu país, publicou uma ambiciosa obra, A Treatise of Human Nature (1739-1740; Tratado sobre a natureza humana), e tentou, sem êxito, obter a cátedra de ética em Edimburgo. Exerceu diversos cargos diplomáticos e fez viagens à França, aos Países Baixos, à Alemanha e à Itália, países em que entrou em contato com os principais intelectuais europeus.

Durante esses anos escreveu duas outras obras capitais, Philosophical Essays Concerning Human Understanding (1748) -- mais conhecida como An Enquiry Concerning Human Understanding (Pesquisa sobre o entendimento humano), nome que Hume lhe deu numa revisão de 1758 -- e Enquiry Concerning the Principles of Morals (1751; Pesquisa sobre os princípios da moral). Em ambas Hume reelaborou as teses do Treatise, que constituíam elas mesmas uma radicalização das teorias de seu compatriota John Locke. Todo conhecimento, afirmava, provém das percepções da experiência, percepções que podem ser "impressões", dados diretos dos sentidos ou da consciência interna, ou "idéias", que resultam da combinação de impressões. Existem idéias simples e complexas, estas últimas produto da generalização, mas todas podem reduzir-se a uma associação de impressões. Noções como a relação causa-efeito, concluía, são indemonstráveis.

Nessa linha de pensamento, Hume questionou a existência da alma. É a generalização de idéias simples que conduz à crença de que existe um "eu" permanente, idêntico a si mesmo; mas há somente um conjunto de conteúdos de consciência, sem substância que lhe sirva de suporte. A moralidade e a religião, portanto, são apenas o resultado de costumes e hábitos. Devem, portanto, basear-se no bem comum, que constitui o princípio fundamental da sociedade. O objeto da teoria política é estabelecer as leis que dêem condições ao estado -- produto natural da evolução humana -- de proceder eficazmente à distribuição da justiça.

Em 1751 Hume voltou a Edimburgo e conseguiu o cargo de bibliotecário do colégio de advogados. Dedicou-se então a redigir os seis volumes de The History of England (1754-1762; História da Inglaterra), que lhe granjearam grande prestígio. Em 1763 seguiu para Paris como secretário da embaixada britânica e ali fez amizade, mais tarde abruptamente interrompida, com o filósofo Jean-Jacques Rousseau.

Depois de uma estada de três anos em Londres, em 1769 Hume retirou-se definitivamente para Edimburgo. Durante os últimos anos de vida entregou-se à revisão de sua obra e à redação de vários textos que apareceriam postumamente, entre eles uma autobiografia, publicada em 1777.

Sua influência posterior na teoria do conhecimento seria imensa, sobretudo sobre Immanuel Kant e os positivistas, e também na gênese do pensamento liberal clássico. David Hume morreu em Edimburgo em 25 de agosto de 1776.
     
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