José Ortega y Gasset
(1883 - 1955)

A obra filosófica e acadêmica de Ortega y Gasset, que deu prosseguimento ao esforço de recuperação cultural da Espanha iniciado pela geração de 1898, deixou marcas fundas na vida intelectual do país.

José Ortega y Gasset nasceu em Madri em 9 de maio de 1883. Depois de estudar com os jesuítas e de doutorar-se em 1904 na universidade de sua cidade natal, prosseguiu os estudos filosóficos na Alemanha, onde foi influenciado pelo neokantiano Hermann Cohen, fundador da escola de Marburgo, e pelo filósofo da história Wilhelm Dilthey. De regresso à Espanha, com apenas 27 anos, foi nomeado catedrático de metafísica da Universidade de Madri. Sob seu magistério formaram-se várias gerações de intelectuais espanhóis, entre os quais Xavier Zubiri, Julián Marías e Manuel García Morente. Criador de revistas como España (1915) e do jornal El Sol (1917), em 1923 fundou a conceituada Revista de Occidente que, por meio de suas páginas e da editora do mesmo nome, divulgou na Espanha o pensamento europeu e a obra dos principais pensadores e literatos nacionais.

A obra de Ortega y Gasset, sempre sintonizada com a realidade de seu tempo, apareceu com freqüência em colaborações e ensaios jornalísticos, depois reunidos em livros. A primeira fase, de estudos como Meditaciones del Quijote (1914) e El tema de nuestro tiempo (1923), levou à elaboração da filosofia da "razão vital", que se sintetiza em sua famosa sentença: "Yo soy yo y mis circunstancias", afirmação cabal de que a realidade é interação entre o eu e tudo o que o rodeia ou condiciona. A vida, assim, é a autêntica realidade, dinâmica e mutável, e a razão só se concebe com base nesse dinamismo. Em La rebelión de las masas (1929), um de seus livros mais polêmicos, Ortega y Gasset postula que, dada a progressiva massificação da sociedade contemporânea, a liderança social deve caber a uma minoria intelectual aceita pelos demais cidadãos. Sua visão crítica do mundo moderno também ficou refletida no tratado estético La deshumanización del arte (1925).

Defensor da república, durante a qual foi deputado, Ortega y Gasset exilou-se na Argentina depois da eclosão da guerra civil espanhola, em 1936. Suas obras desse período refletem crescente interesse pela concepção da pessoa como resultado do equilíbrio dinâmico entre a individualidade e o acontecer coletivo, o que o levou a afirmar, em Historia como sistema (1940), que "o homem não é: é um contínuo vir-a-ser". Depois do fim da segunda guerra mundial, Ortega regressou à Espanha e em 1948 fundou o Instituto de Humanidades. Negou-se, não obstante, a aceitar algum cargo oficial sob o regime do general Francisco Franco e passou longas temporadas em diversos países europeus e americanos.

Ortega y Gasset morreu em Madri em 18 de outubro de 1955. Várias de suas obras apareceram postumamente, como El hombre y la gente (1957) e Origen y epílogo de la filosofía (1960), sempre centradas na busca da realidade última da existência humana.

     
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