Escola de Frankfurt A escola de Frankfurt recebeu esse nome porque seus principais representantes integravam o Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, na década de 1930. O exame crítico que esse grupo fez das sociedades desenvolvidas exerceu poderosa influência sobre os movimentos de contestação da segunda metade do século XX, particularmente as manifestações estudantis de maio de 1968 na França. O mentor do Instituto de Pesquisas Sociais foi seu diretor, Max Horkheimer. A sua volta reuniram-se professores de diversas disciplinas: filósofos, sociólogos, psicólogos e economistas. Partidário de uma filosofia crítica baseada no marxismo e na psicanálise, Horkheimer expôs em diversos ensaios um pensamento multidisciplinar, que em filosofia era antimetafísico e antipositivista e, sob o aspecto social, anticapitalista. Para ele, o progresso econômico tinha como contrapartida a massificação e a perda da individualidade. Horkheimer propunha a transformação da sociedade capitalista num socialismo fundado na razão e na liberdade, que assegurasse o bem-estar de todos os cidadãos. Uma segunda fase desse pensamento, mais pessimista, veio depois da segunda guerra mundial. Com a ascensão do nazismo, os principais representantes da escola refugiaram-se nos Estados Unidos, entre eles Horkheimer, que lecionou na Universidade de Colúmbia, em Nova York, até 1949, quando regressou a Frankfurt. Para derrotar o fascismo não bastou uma revolução: foi preciso uma guerra, e o terror stalinista deixara profundas marcas no pensamento marxista. O capitalismo demonstrava uma notável capacidade para assumir suas próprias contradições, mas também, graças a sua "indústria cultural", para anular todo o pensamento crítico e todo movimento de transformação do regime. O principal representante da terceira fase da escola foi Theodor W. Adorno, que, inicialmente influenciado por Hegel e Husserl, evoluiu para o marxismo. O pensamento de Adorno, cujas bases se acham expostas na Negative Dialektik (1966; Dialética negativa), foge a toda afirmação positiva. Toda solução fica em aberto, inconclusa diante da realidade histórica. Com o progresso e o avanço da razão, o homem conseguiu emancipar-se da natureza, mas teve de pagar um preço muito alto: ficou subordinado a uma situação para a qual não havia saída. Para Adorno, o progresso traz em seu bojo uma regressão, pois conduz a um "mundo administrado". A única solução é a reconciliação com a natureza, mediante uma ruptura total que torne possível a utopia e permita uma abertura para algo totalmente diverso. A alternativa proposta por Adorno era a defesa do individual e do particular, que escapam à violência da dominação, e a arte, que, em seu hermetismo, permite escapar à uniformização e aos convencionalismos sociais. A tese de Adorno opõe-se à de Jürgen Habermas, que junto com Herbert Marcuse é outro dos principais membros da escola de Frankfurt. Habermas criticou a "ortodoxia latente" de seus mestres e recusou, como saída para o misticismo, a reconciliação com a natureza proposta por Adorno. Buscou também renovar o pensamento da escola à luz da epistemologia contemporânea e considerou necessária uma renovação do marxismo. Herbert Marcuse veio a ser a figura mais conhecida da escola de Frankfurt. No capitalismo avançado, segundo ele, a sociedade é decerto capaz de assegurar o bem-estar e a plena realização de todos os seus membros ou, em termos freudianos, de substituir o princípio da realidade pelo princípio do prazer. Não obstante, a sociedade capitalista anularia o indivíduo, sua criatividade e sua capacidade para transformar o meio. |