Auguste Comte
Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte nasceu em Montpellier, França, em 19 de janeiro de 1798. Aos 16 anos ingressou na Escola Politécnica de Paris, da qual foi expulso dois anos depois, por liderar um movimento de protesto. Passou então a viver de aulas particulares e colaboração em jornais. Foi secretário do banqueiro Casimir Périer e discípulo de Claude-Henri de Rouvroy, conde de Saint-Simon. Este, um dos teóricos franceses do socialismo utópico, orientou-o para o estudo das ciências sociais e transmitiu-lhe duas idéias básicas, que orientaram seu pensamento daí por diante: a de que os fenômenos sociais, como os de caráter físico, também obedecem a leis; e a de que todo conhecimento científico e filosófico deve ter por finalidade o aperfeiçoamento moral e político do homem. Em 1825 conheceu Caroline Massin, jovem prostituta com quem viveu algum tempo e logo depois desposou. No ano seguinte inaugurou um curso público para exposição de suas idéias. Deprimido por constantes desentendimentos com a mulher, caiu em profundo esgotamento nervoso e, em 1827, tentou o suicídio ao atirar-se de uma ponte nas águas do Sena. Salvo por um guarda, foi internado num asilo. Tratado por Jean Esquirol, pioneiro da psiquiatria científica, recuperou-se e retomou o curso. Em 1930 ficou preso durante três dias por recusar-se a servir à Guarda Nacional. Dedicou os 12 anos seguintes à publicação do Cours de philosophie positive, em seis volumes, e a dar aulas gratuitas para operários. Nessa época, Comte sustentava que as diversas ciências já haviam atingido a positividade, mas o sistema ainda estava incompleto. Era necessário uma nova disciplina, que ele chamou física social ou sociologia, que figuraria num quadro de ciências dispostas em grau de generalidade decrescente e complexidade crescente, a saber: matemática, astronomia, física, química, biologia e sociologia. Na segunda fase de sua carreira, acrescentou uma sétima ciência, a moral. Em 1837 morreu sua mãe e logo depois Caroline abandonou-o definitivamente. Comte passou a viver em extrema solidão e, para distrair-se, começou a freqüentar a Ópera e a ler os clássicos -- Virgílio, Dante, Shakespeare, Cervantes. A avalanche de publicações de autores contemporâneos levou-o então a pregar um maior rigor seletivo nas leituras, no processo que chamou de "higiene cerebral", pelo qual foi alvo de comentários irônicos. Em outubro de 1844 conheceu a escritora Clotilde de Vaux, que também tivera uma experiência conjugal frustrada, por quem apaixonou-se. Ambos desfrutaram de uma bela e intensa amizade e de uma completa identidade de pontos de vista. Queriam uma nova moralidade, uma nova religião e um novo conceito de casamento. Esse foi seu relacionamento mais feliz e, ao mesmo tempo, mais melancólico. Clotilde morreu dois anos depois e Comte levou a marca dessa veneração quase religiosa até o fim de sua vida. Novamente solitário, Comte dedicou-se integralmente à instituição da religião da humanidade, que logo se tornou influente em numerosos países, como Brasil, Chile e México. O filósofo impregnou-se de misticismo, criou um sacerdócio, sacramentos e orações, além de propor para seus adeptos uma rígida disciplina. Suas principais obras dessa fase são Système de politique positive (1851-1854; Sistema de política positiva) e Catéchisme positiviste (1852; Catecismo positivista). O desejo de firmar e divulgar as bases do positivismo levou Comte a um empenho obsessivo e à dedicação em tempo integral à propaganda de sua nova religião, com palestras públicas, cartas a monarcas, políticos e intelectuais de todo o mundo e publicação de livros. Seu esforço foi bem correspondido. Adeptos do mundo inteiro acorreram a sua casa em Paris, de onde saíram maravilhados pelo brilho e a serenidade do mestre. A correspondência de Comte com as sociedades positivistas em todo o mundo era vastíssima. Sua saúde, no entanto, ressentiu-se de tão intensa atividade. Em conseqüência de uma gripe, Auguste Comte morreu em Paris, em 5 de setembro de 1857. |