Martin Heidegger
Martin Heidegger nasceu em Messkirch, na Floresta Negra, Alemanha, em 26 de setembro de 1889, e desde cedo mostrou vocação religiosa. Ao concluir os estudos secundários, iniciou o noviciado jesuíta, que abandonou para ingressar na Universidade de Freiburg, onde estudou teologia e filosofia. Foi nomeado professor em 1915, após apresentar uma tese a respeito de Duns Scotus. Em 1923, passou para a Universidade de Marburg. Publicou quatro anos depois sua obra principal, Sein und Zeit (Ser e tempo), que constitui um delineamento filosófico inesperado por parte de quem parecera seguidor da fenomenologia de Edmund Husserl, a cujas aulas assistira em Freiburg. Heidegger regressou a essa universidade em 1928, exatamente para suceder a Husserl em sua cátedra. Sua aula inaugural apareceu na imprensa em 1929 com o título Was ist Metaphysik? (Que é metafísica?), outro de seus textos capitais. A doutrina desenvolvida por Heidegger nesses escritos assinala que o ser é existência. Consiste em "estar-no-mundo" (Das in-der-Welt-Sein ou Dasein), é temporalidade. Essa abordagem representa uma mudança total em relação à idéia metafísica clássica de "essência". O homem, segundo Heidegger, é "existência lançada ao mundo, obrigada a construir sua própria essência", e o único ser que existe em sua totalidade, já que só ele possui a consciência de que constitui um "ser-para-a-morte": tal é a origem da angústia. Apenas ao aceitar sua finitude, no entanto, pode o homem pensar em si mesmo e, conseqüentemente, "pensar no ser". Nos anos que precederam a ascensão de Hitler, Heidegger, eleito reitor da universidade, ingressou no partido nazista, talvez sob pressão, pois suas divergências com o regime eram notórias. Em 1934 renunciou à reitoria e, após a segunda guerra mundial, perdeu a docência devido a seu passado político, mas em 1952 pôde retomar a cátedra. As obras posteriormente publicadas por Heidegger, como Zur Seinsfrage (1953; Sobre o problema do ser) e Der Satz vom Grund (1957; O axioma da causa), mostram seu crescente interesse pela linguagem poética, que constituiria "a morada do ser". Alguns especialistas sustentaram que essa etapa do filósofo conteria uma revisão de seu existencialismo anterior. O próprio Heidegger, porém, afirmou que nunca pretendera elaborar uma filosofia da existência, mas uma ontologia, isto é, uma reflexão sobre a natureza do ser como centro de todo o pensamento. Martin Heidegger morreu em Messkirch em 26 de maio de 1976. |