Estrutura Todas as línguas são instrumentos orais, e se compõem de vocábulos. Estes, não raro, são extremamente complexos, mas ao espírito humano desempenham o papel de elementos lingüísticos. Desde cedo, nos primórdios da escrita, os homens procuraram destacar os vocábulos, individualizando-os, separando-os por meios convencionais. O vocábulo, no entanto, não é geralmente um elemento simples. Compõe-se de sílabas, e estas de fonemas. (No chinês e em seus dialetos, todos os vocábulos são de uma única sílaba: vocábulo e sílaba coincidem.) Fonemas são sons elementares, alcançados com as articulações mais simples. Ainda assim, os registros feitos com aparelhos especializados demonstram que a simplicidade dos fonemas só existe na aparência. Por sua vez, os vocábulos guardam entre si relações estreitas e necessárias, a que se dá o nome de sintaxe. Um conglomerado sintático constitui a frase. O conhecimento de uma língua implica, pois, o estudo de três domínios: o léxico (que diz respeito ao vocabulário), o fonético (que se refere à pronúncia) e o sintático (relativo à construção). Além disso, cada língua tem em sua estrutura fatos particulares de suma importância. Nas línguas indo-européias, como nas semíticas, os vocábulos são extremamente variáveis. Um verbo no português tem mais de cinqüenta formas simples; no latim e no grego, esse número pode ser multiplicado algumas vezes. Nomes e pronomes são riquíssimos de formas. Tudo isso constitui a morfologia. Nos dialetos chineses, nos quais não há morfologia, pois as palavras são invariáveis, importa fundamentalmente conhecer a altura musical da palavra-monossílabo. Sem a altura conveniente, não se diz o que se quer. A palavra "má", por exemplo, conforme a nota musical em que é proferida, pode significar "mãe", "cavalo", "linho" ou pode ser um sinal de interrogação. Entre algumas línguas indígenas sul-americanas há palavras que só podem ser usadas pelos homens, enquanto outras são privativas das mulheres. No tupi-guarani (onde o fato não é tão notável, talvez porque se trate de língua geral sistematizada pelos jesuítas) não há diferença entre "filho" ou "filha", já que não existe nela a preocupação de exprimir o sexo. Mas o pai dirá rayra, enquanto a mãe lhes chamará membyra. Veja também:
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